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"Um olhar moderno enxerga o meio ambiente com oportunidade, jamais como problema"


sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Sua empresa evita desperdícios?

Alguns pesquisadores avaliam que o problema da escassez de água é mais urgente que o do aquecimento global. Hoje, cerca de 700 milhões de pessoas em 43 países sofrem com a falta d'água. Em 2025, poderão ser 3 bilhões, segundo dados da ONU. Como isso pode afetar as empresas? "A indústria é a primeira a sentir a falta d'água, porque a lei determina que a população tenha sempre a prioridade", diz Paulo Canedo, chefe do Laboratório de Hidrologia da Coppe/UFRJ. Uma fábrica da Coca-Cola inaugurada em 2000 na Índia chegou a ser temporariamente fechada sob acusações de ter provocado a seca nos poços da região. A companhia ainda sofreu represálias de pelo menos dez universidades americanas, que a baniram de seus campi.
Poucas empresas necessitam tanto de água no seu negócio quanto a AmBev, a maior produtora de cerveja da América Latina. Do conteúdo de cada garrafa, 95% é de H2O. A questão da escassez, é natural, tornou-se central na companhia. Em 2006, depois de dez anos de projetos destinados a reduzir o consumo, a fábrica de cervejas de Curitiba, uma das 30 unidades da AmBev, marcou um recorde de 3,49 litros de água usados para cada litro de cerveja produzido, um índice inferior ao que é considerado o índice de excelência no mundo, de 3,75 litros. A média de consumo de todas as fábricas ainda não atingiu esse padrão - está em 4,3 litros. Mas, cinco anos atrás, a proporção era 30% maior. "Somente fazendo esse trabalho poderemos garantir a sobrevivência do nosso negócio", diz Milton Seligman, diretor para assuntos corporativos da empresa.
O empenho ambientalista pode ser visto na fábrica de Jaguariúna, a terceira maior da empresa no Brasil, a 131 quilômetros de São Paulo. Antes de se chegar a ela, lê-se na estrada uma placa anunciando o início do chamado "Circuito das Águas", um grupo de oito municípios na Serra da Mantiqueira visitado por paulistanos que gostam de descer rios em botes infláveis. O site de turismo da região avisa que as águas de lá são "conhecidas internacionalmente por seus poderes de cura". São tantas fontes, rios e riachos que esse seria um dos últimos lugares onde se esperaria encontrar pessoas preocupadas com escassez de recursos hídricos. O sanitarista ambiental Márcio Maran é uma delas. Gerente de meio ambiente da AmBev, ele percorre as instalações todas as semanas em busca de alguma oportunidade de redução do índice de consumo. A batalha agora está nos detalhes, porque o grosso já foi feito.

Em 2004, a empresa deu o grande salto, ao instalar um sistema para reaproveitar a água quente que era usada na pasteurização das bebidas, antigamente descartada. Outra medida, no mesmo ano, foi alterar a mastodôntica máquina que lava as garrafas. Os bicos que jogam um jato d'água dentro de cada uma delas funcionavam ininterruptamente. Bastou criar um sistema para que eles fossem desligados entre uma garrafa e outra e o consumo caiu 38%.
Na questão da água, porém, não se atinge patamares de excelência só com tecnologia. "O envolvimento das pessoas é o ponto-chave", diz Beatriz Oliveira, gerente corporativa de meio ambiente da AmBev. Todos os funcionários passam por treinamento sobre questões ambientais. Dessa atenção de quem trabalha no dia-a-dia da operação surgiram práticas como a reutilização da água de lavagem de garrafas para a limpeza dos engradados. Quando uma experiência dá certo, ela entra no documento "Mandamentos da Água", cumprido por todas as unidades. O engajamento dos empregados é reforçado pelo estabelecimento de metas que valem para todos. Quando uma fábrica consegue cumprir 100% dos objetivos, a turma pode ganhar até seis ou sete salários de bonificação.

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